24 de novembro de 2010

Tú conhece o gingado da ginga com tapioca?

Em certa sexta feira não muito distante, na aula de turismo e gastronomia ministrada religiosamente no dia em questão, pelo professor Samir Andrade (XD), ele lançou-nos um desafio: Qual prato representa a gastronomia de Natal? O_o

Daí começou um furdunço só... Daqueles!  Todo mundo tinha sua opinião, onde na maioria das vezes terminava em algum ingrediente, que mais representava a identidade do nordeste inteiro, do que um prato da própria capital. Isso claro se explica pelas andanças dos povos que descendemos que acabaram por levar, além de tudo, cultura nas malas pra outros lugares da região.  Gerando uma espécie de mescla culinária.

Infelizmente com dados mostrados em aula, vimos que nem os próprios moradores conhecem a sua cozinha... O_o... Que Sá os turistas então. Poucos deles vêm a Natal pela gastronomia, poucos daqui mesmo se interessam em desvendá-la ao mundo. E é tão rica, tão cheia de técnicas, de sabores... Enfim, mesmo sabendo que somos conhecidos como maiores produtores de camarão, e tendo deliciosas receitas com o mesmo e sendo este ainda o mais citado na pesquisa mostrada em sala de aula como ingrediente representante quando se trata da culinária de Natal (tanto pelos nativos quanto pelos turistas), eu ainda penso em (opinião minha): ginga com tapioca. Sim Ginga com tapioca.

Quem já foi a Redinha, praia da zona norte de Natal (praticamente em cima aqui de casa) sabe exatamente do que eu to falando. ‘Ginga’, é o nome dado pelos pescadores da praia em questão, a um peixe filhote da sardinha que por acaso chega na rede junto a outros peixes durante a pesca.  Então para aproveitar os peixinhos, eles são fritos no azeite de dendê bem quente e então é servido com tapioca, feita a partir da fécula da mandioca, a popular ‘goma’. A iguaria virou marca, identidade do Mercado Público da Redinha.  Mesmo que simples e barata é uma delícia e perfeita como “tira gosto”, acompanhando bebidas ou só mesmo pra tapear a fome de beira de praia, ou das manhãs de veraneio. O peixinho lembra muito a “pititinga”, peixe de rio que é servido como moqueca acompanhando farofa de dendê e arroz, nas feiras e mercados da Bahia; bem como aos “joaquinzinhos”, servidos em Lisboa, guarnecidos de batatas cozidas e um belo vinho tinto das terras portuguesas.

Mas você sabe como surgiu tal aperitivo por aqui? Pois é, daqui mesmo... Pelas mãos de uma senhora chamada Dona Dalila, que começou a fazer por interseção do marido que estava cansado de ver esses peixinhos sendo desperdiçados. A Dona Dalila, segundo a filha Ivanize Januário que continua o trabalho da mãe, começou a saga em meados dos anos 50 ou 60: “Ele pediu para minha mãe tratar e fritar, limpou uns palitos de coqueiro, enfiou os peixes, fez aquele sanduíche e começou a oferecer para quem passava por aqui e as pessoas foram gostando", recorda em entrevista data ao Diário de Natal em fevereiro de 2010.  Conta também que sua mãe criou os filhos fritando e vendendo a ginga com tapioca, tamanho foi o sucesso. O segredo ela não conta, mas diz que o principal ingrediente é o amor. A ginga com tapioca, legado da família da dona Ivanize custa cerca de R$ 3,00 e pode ser encontrada no boxe 13, no Mercado da Redinha, localizado na praia da Redinha na Zona norte de Natal. Há muito tempo não piso lá, (Vê-se pelo meu estupendo bronzeado neah... XP), mas, você também pode comprar a ginga com tapioca na beira da praia mesmo, muitos vendedores passam oferecendo a um preço também muito bacana, além é claro de outros quitutes como bolinhos de camarão, camarão frito, coxinhas de carne, de peixe etc...

Para a dona Ivanize, desejo toda sorte do mundo e deixo minha total admiração pelo empenho, e espero que a senhora tenha muitas filhas ou filhos (Homens também vão pra cozinha), que possam perpetuar ao longo dos anos essa marca culinária da nossa cidade.




Enfim, mesmo com toda a “estrelaridade merecida” dada aos camarões, pra mim, ginga com tapioca representa muito bem essa identidade gastronômica que ainda não se conhece, recomendo (com uma cervejinha gelada então... Divina!), e TENHO DITO!




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